Se você pudesse voltar no tempo e mudar algum aspecto da educação que recebeu dos seus pais, incluiria noções financeiras no aprendizado? Essa pergunta é importante porque muitos dos conceitos que levamos para a vida são absorvidos ainda na infância e impactam por toda nossa vida adulta. Voltar ao passado para aprender sobre finanças naquela fase é impossível, mas certamente você pode fazer diferente com os seus filhos e ensiná-los porque é importante falar sobre dinheiro com as crianças.

É importante frisar que ninguém aqui está aconselhando você a repassar difíceis teorias da economia para os pequenos. A ideia é que falar sobre dinheiro com as crianças não seja um tabu, e sim um momento em que seu filho ou filha possa entender sobre pagar contas, responsabilidade, e principalmente, sobre guardar para realizar seus sonhos e objetivos. Neste artigo, você vai encontrar bons motivos para trazer esse assunto à tona, desde os primeiros anos de vida.

O aprendizado infantil

Sabe quando alguém fala que as crianças são como esponjas, que absorvem tudo? Por mais estranha que essa comparação possa parecer, ela é verdadeira. Os pequenos tem uma incrível habilidade de aprender, tanto com explicações quanto com atitudes. É justamente na infância que muitos conceitos são formados, incluindo a personalidade e o caráter. Todas as principais descobertas que fazemos são parte da infância, por isso o cuidado com o que você passa na educação dos seus filhos é peça fundamental na construção do ser humano.

Encontrar exemplos de como conversar sobre dinheiro pode fazer diferença é fácil – talvez, você mesmo seja um desses exemplos. Muitas pessoas que relatam dificuldades para guardar dinheiro, com uma forte impulsividade para compras desnecessárias, tiveram uma infância difícil, com situações de pobreza e restrições, assim como a falta de exemplo observada nos pais.

O contrário também acontece. Pessoas com responsabilidade financeira desde os primeiros anos de vida de trabalho costumam ter recebido bons conselhos em relação ao dinheiro dos pais. Quem alimenta uma poupança ou algum outro tipo de investimento desde cedo, costuma receber esse tipo de exemplo ainda na infância, entendendo a importância de reservar parte dos recursos para o futuro.

Você pode ser a pessoa do primeiro ou do segundo exemplo, o importante é não deixar seu conhecimento parado até que seu filho tenha idade de ganhar o próprio dinheiro. Lembre-se que na escola conceitos financeiros não são ensinados, então essa responsabilidade é sua!

Como falar sobre dinheiro com as crianças

Muitas vezes, não gostamos de falar sobre dinheiro nem mesmo entre adultos – com crianças fica ainda mais complicado. Mas calma! Não é impossível e você certamente será capaz de quebrar essa barreira com os pequenos. A nosso favor está a costumeira curiosidade que eles carregam, então, cabe aos adultos acertar na linguagem e na metodologia.

Você não precisa criar um “circo” para inserir o tema na mente de seu filho. Na verdade, assim como as palavras, muitas coisas que aprendemos quando criança vêm de formas subjetivas. O ideal é que você não isole seu filho das conversas que tem sobre dinheiro e deixe ele à par de qual é a situação de vida atual. Um exemplo é quando vocês passarem por uma vitrine e a criança pedir por um brinquedo. Se você não tiver dinheiro, não minta e nem faça uma dívida para agradá-la. Apenas explique que nesse momento você não pode comprar, mas que pode ser um objetivo no futuro que ele pode ajudar a conquistar. Percebeu a diferença?

Outra forma é ensinar por meio de atitudes. Quando você estiver pagando suas contas, explique que todo mês você separa parte do que recebe para guardar na poupança ou em uma aplicação financeira, para que no futuro você tenha mais dinheiro ou esteja protegido em caso de emergência. Acredite, por mais simples que pareça, esse exemplo vai se fixar de forma positiva na mente de seu filho.

Você pode ainda começar com a famosa “mesada”, mas dividir por semanas. Isso porque, o tempo das crianças é muito mais lento que o nosso, e um mês pode parecer um período longo demais. Lembre-se que você não precisa dar muito dinheiro, a ideia é que ele aprenda a administrar o que tem. Para incentivá-lo, pesquise o preço de algum item que ele gostaria de comprar e explique que ele pode guardar para conquistar esse objetivo. E claro, quando a criança conseguir comprar o que sonhava, comemore e celebre o feito dela!

Quando falar sobre dinheiro

Cada fase conta com desafios específicos e você pode utilizar esse elemento à seu favor. De nada adianta começar a falar de finanças com um bebê de poucos meses, mas a partir do momento que a criança passa a se entender como individuo independente, você já pode começar a trazer esses assuntos.

Para os pequenos, na faixa de 1 a 3 anos, o ideal é que você não esconda a sua situação financeira ou trate o tema como tabu. Eles ainda não possuem a capacidade de compreender, mas vão absorver como exemplo a forma como você lida com o dinheiro.

Nas idades subsequentes, a mesada e o cofrinho podem entrar em cena, especialmente com a explicação sobre guardar dinheiro para conquistar seus objetivos. Você pode dar pequenos incentivos quando eles cumprirem tarefas específicas ou combinar de comprar determinado presente se ele conseguir guardar X valor.

Quando a criança atingir a pré adolescência, muitos dos conceitos que você ensinou já estarão fixados na mente delas. Você pode exigir um pouco mais nas tarefas de casa e dar maiores incentivos também. O importante é sempre reforçar o conceito de abrir mão de algo pontual para conseguir adquirir coisas maiores. Aqui é uma ótima fase para incentivar a ter uma poupança para guardar dinheiro para o primeiro carro ou para a faculdade.

Dinheiro x pessoa

Esse é um tema muito amplo e que tem muito a ser debatido. Agora que você já sabe porque é importante falar sobre dinheiro com as crianças, pode começar a pensar em formas para orientá-las. Em breve, aqui no Meu Compromisso, traremos dicas práticas para você virar o mestre das finanças da sua casa!

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